BOAS VINDAS

          Não é por acaso que o nome de Portugal resulte de Portus Cale (porto bonito para gregos e romanos, fazendo referência à beleza da desembocadura do Douro). Também não é casualidade que este blogue esteja pronto, por primeira vez cando está próximo o dia 25 de Abril do 2011, em que é comemorada a Revolução dos cravos, é por isso que nos (Fernanda Diéguez e Rita Ibarretxe) quisemos fazê-lo assim, propositadamente. Após muitos anos de relação afectiva e efectiva com Portugal, achámos que este dia é o melhor para mostrar o que Portugal é para nos: poesia e imagem, imagem e poesia.
       Tudo cozinhado lentamente, ao ritmo do velho Portus Cale, ao nosso ritmo; porque é assim, como as coisas boas são feitas. Das mellores coisas saboreias, processo e produto.
       E estamos então prontas para sairmos outra vez de viagem por Portugal, mas desta vez procuraremos também rotas interiores, tentando ver com os olhos de Alexandre Ó Neill, Almeida Garret, António Feliciano Camões e tantos outros. Deles são as palavras, nossas as imagens. Tentamos falar dos sentimentos com imagens, com a permissão deles, com a licença deles.
      Ao percorrermos Portugal, procuramos este Porto Bonito, como também ele nos procura a nos nas pessoas, nas localizações, na comida, na música...poemas e imagens, imagens e poemas.
      Estas são as capturas que de Portugal fizemos para o nosso blogue, e assim vo-las queremos oferecer. Com a vossa permissão, com a vossa licença.

CONTRAPONTO | David Mourão - Ferreira

Vestido negro
cinto vermelho

Luto precoce
da tua carne!

Nele se enlaça
o meu desejo

Vestido negro?
Cinto vermelho!

2009 | Viana do Castelo


RECADO | João de Deus

Peço-lhe, minha senhora,
Me empreste como vizinho,
Até amanhã a esta hora,
Uma garrafa de vinho,

Seu criado,

                                João Calvinho

2013 | Lisboa

CANÇAO | Antonio Botto

Adoeço de cansaço;
Mas a vida,
Ai, a vida exige tanto de mim
Que digo a quem quer que seja
Vindo em plena mocidade:
-Aceito. Quero...Pois sim.
Renunciar, para quê?
Se renúncia nos meus olhos
E coisa que ninguém vê?

2011 | Oporto

PÁSSAROS POUSADOS | Sebastião Alba

Pássaros pousados
em nossos fios telefónicos,
com colares dum trópico de sombra,
e cujo canto
nenhuma qualidade da luz
exprime bem,
mudam os sinais que hasteamos
e velhos galeões ainda abordam
até à morte na áuga,
nos da esperança absoluta.

2008 | Viana do Castelo

MAR | Sophia de Mello Breyner Andresen

De todos os cantos do mundo
Amo com um amor mais forte e mais profundo
Aquela praia extasiada e nua,
Onde me uni ao mar, ao vento e á lua.

2009 | Praia da Carrapateira | O Algarve

MINHAS FILHAS | João Sevivas


Minha mulher…
minhas filhas
Meus bocadinhos de Céu!

Um  beijo um sorriso uma palavra…
e Ele também pode ser meu!

Meus AMORES
MINHAS VIDAS!


2009 | Faro